Homens mortos não cantam: Episódio 1x01 - Winter is Coming

Acabei de assistir ao episódio 1x01 e a minha vontade foi de apertar o play e começar a ver tudo novamente. Sabe como é MARAVILHOSO ver uma história que te agradou tanto ser colocada na tela de forma tão primorosa.

Posso dizer que esse piloto foi muito fiel aos capítulos que embarca do livro, além de ter adições e modificações que trouxeram mais riqueza para a história. Como o autor, o George R. R. Martin, é um dos diretores executivos, eu tenho certeza absoluta que foram sancionadas por ele (e por isso ficou tão bem).

Vou tentar fazer uma resenha sem falar muito dos livros além do necessário para quem está assistindo na “cega”. Ok, eu falo muito dos livros, mas não tanto quanto eu gostaria, ok?? Esteja pronto para alguns spoilers básicos das diferenças entre eles.

 Como a Bee disse na resenha abaixo, nesse primeiro episódio somos bombardeados com várias informações e vários personagens e às vezes é fácil ficar perdido antes de se acostumar (no livro é a mesma coisa, tem até um “guia” de personagens no final para facilitar).

Vou tentar ir devagar, para não machucar ninguém. Considere esse mais um "guia" para assistir do que uma resenha propriamente dita.

A partir daqui contém spoilers! Se você não se importar ou já tiver visto o episódio, continue a ler depois da quebra.

Começamos o episódio com a Muralha. Temos três pessoas que saem dela para a floresta, para fazer algum tipo de reconhecimento e lá se deparam com uma cena de assassinato, com corpos dispostos de forma bizarra. Um dos rapazes volta para alertar a eles e o Lorde é enjoado e idiota e manda que voltem para verificar a causa de morte das pessoas.

Só que quando eles voltam, não tem mais ninguém lá.

Dead men sing no songs, é o que eles dizem no livro. Pessoas mortas não se movem. Pelo menos pessoas mortas normais. O negócio é, essas pessoas não são normais. São atacados por criaturas bizarras com olhos azuis espectrais.

Aterrorizado, o único sobrevivente do ataque foge da Muralha para o sul e aí que as coisas começam para valer. Conhecemos Winterfell e os Starks em uma cena muito calorosa, envolvendo os filhos de Eddard Stark em seu treinamento.

Bran, de 10 anos; Robb e Jon Snow, com mais de 17 anos; Arya, uma garota levada que prefere correr e se esconder a costurar; a bela e ingênua Sansa e o pequeno Rickon.
Observem bem essa cena, porque ela diz muito sobre cada um dos filhos de Ned e Cat. Vemos o bastardo, Jon Snow, dando dicas ao pé de ouvido para o seu irmão. Robb se comporta como um lorde, embora se divirta muito. Arya é uma rebelde. Sansa, a perfeição em pessoa. E Rickon, um garoto barulhento e irrelevante (hahaha). Bran está na fase de transição e é um garoto viciado em escalar as muralhas de Winterfell. Ele é um aventureiro tanto quando sua irmã Arya, mas com a vantagem de ser um menino.
Aliás, as muralhas de Winterfell parecem aquelas paredes de escalar (sério mesmo) em todas as tomadas que o Bran as escalas... dava para ter disfarçado um pouquinho mais, né? Mas tudo bem.

O primeiro capítulo do livro é esse, em que, pelos olhos de Bran, vemos o homem que fugiu da Muralha ser decaptado pela própria espada de Eddard Stark. Essa cena não é aleatória, ela está ali para mostrar que Ned é um homem que segue seus princípios e seus valores e acredita nas “tradições antigas”, como dizem na série. O homem que dá a sentença deve brandir a espada. Muito justo.

Na volta da decaptação, prestem MUITA atenção na cena em que encontram o direwolf morto e os filhotes. Antes de acharem o direwolf, qual é o animal que está morto na estrada? Um cervo. E qual é o animal presente no brasão dos Baratheon?
Você disse cervo? Pois é. Mas esse é o episódio um, então guarde essa cena com fogo na sua memória.

E aí vamos para King’s Landing. A terra do Rei. Lá, vemos um ritual esquisito e logo descobrimos que é um funeral... E vemos dois irmãos conversando: ela se preocupa demais, ele se preocupa de menos. E eles falam sobre o rei, mais preocupado em caçar prostitutas e foder javalis do que em reinar. Esses são os Lannisters, Cersei e Jaime. Entendam, os Lannister são tipo os sonserinos de Westeros. Eles querem poder. “Um Lannister não toma uma ação precipitada, Lannisters não são tolos!”. E ali, bem na sua frente, tem uma dica do que vai acontecer. Assim como o cervo. Assim como a primeira cena.

Para fechar as quatro localizações que serão presentes na série, temos Pentos, do outro lado do oceano. Lá, conhecemos Vyseris e Daenerys, os dois últimos remanescentes dos Targaryan que governavam Westeros antes do rei Robert. Vyseris é um imbecil completo e sem noção e a única coisa que quer é ter seu trono de volta, custando o que custar. Para isso, entrega Dany em casamento à Khal Drogo, líder dos Dothraki. Dany é só uma criança. Na série, aumentaram a idade dela para não causar tanto choque, mas nos livros ela só tem 14 anos. E a fala de Vyseris sobre os cavalos e homens é inalterada nos dois.

Eu digo para vocês que não leram: prestem atenção na Dany. Ela começa como uma garotinha assustada... mas no final dessa temporada, quando você olhar para trás e se lembrar de como ela era, vai ficar “Como é que isso aconteceu?”. Essa é uma das minhas linhas de história favorita. E o Ser Jorah é muito legal, sério, colegas.
Agora, eu achei que os Dothraki ficaram muito caricatos. Primeiro que o Khal Drogo poderia ser chamado de KHOL Drogo pelo tanto de maquiagem que tem na cara dele. Sério, pintassem ele de branco e o colocassem no Kiss! Nos livros, tudo é descrito exatamente como foi mostrado, mas televisivamente ficou ofensivo. Acho que era uma coisa que poderiam ter trabalhado melhor a adaptação, tornando-os mais ferozes e menos de butique. Porque, sim, os Dothraki parecem selvagens de butique.
E a consumação do casamento deles deixou muito a desejar, principalmente em relação ao livro. No livro, embora o Drogo só saiba dizer “Não”, ele é gentil com ela. Nesse, a cena beira um estupro. Essa foi outra coisa que me desagradou, porque com o tempo descobrimos que o Drogo não é só selvageria e barbárie, assim como os Dothraki. E o primeiro indício é esse. E aí na série vão e colocam ele fazendo as coisas à la Dothraki!!!

Aliás, não se fala de uma série da HBO sem falar de sexo e violência. Achei que foi bem moderado para os parâmetros das outras séries, como True Blood. Tudo bem, é o primeiro episódio, mas só tivemos o quê? Partes de corpos espalhadas num símbolo bizarro, um massacre de duas pessoas e uma decaptação. No quesito sexo, tivemos uma orgia com um anão (TYRIOON!!!), algumas cenas que beiraram incesto, incesto e sexo à moda Dothraki. Muito tranqüilo, principalmente se você considerar que em Roma, eu vi os pelos pubianos da irmã do Julio César. Ou que em The Tudors, eu tive uma visão bem privilegiada da retaguarda do Henry Cavill. Além de uns peitos e umas bundas, não tivemos naaada demais, então eu acho que recebe o selo de “pode ser visto com os pais, com restrições”.

Outras cenas que merecem ser mencionadas e/ou merecem a sua atenção:

- São cinco Direwolfs, Lord Stark, assim como os seus filhos: Duas fêmeas, três machos, um albino, Lord Stark.

- Asas negras trazem más notícias: Você vai ouvir essa frase um milhão de vezes durante a série (eu espero), mas a junção da cena em King’s Landing e o Corvo se aproximando com a notícia do falecimento de John Arryn é muito bem feita. A cena seguinte, dos garotos se arrumando para o recebimento do Rei também merece uma menção honrosa (olá, Robb, Jon e Theon sem camisa!) e a piadinha que fazem com o Lord Snow – “Ele dá mais atenção para esse cabelo do que para qualquer menina!” – me fez rir muito.
Awn, Lord Snow só tem uma menina na cabeça dele.

- A chegada do Rei: Começa com Bran escalando a muralha, passa por Arya com um capacete se esgueirando pelos comuns e perguntando insistentemente pelo irmão anão da rainha e inclui um olhar preocupado de Robb ao reparar que sua irmã, Sansa, olha para o filho do rei de forma apaixonada. É uma cena muuito bem feita, que mostra a dinâmica dos Starks e como a chegada daqueles estranhos começa a afetar as suas relações.

- “Cortaram meu cabelo e nem me deixam ir para a festa!” – Pobre Lorde Snow, o bastardo. Além de fazerem ele cortar o cabelo para receber o rei, ainda não o impedem de participar do banquete e ele fica do lado de fora, forever alone. Nessa cena, temos o primeiro encontro de Jon e de Tyrion, conhecemos Benjen Stark, a versão Game of Thrones do Tio Ben do homem aranha e vemos a frustração de Jon em não fazer realmente parte de Winterfell. Ele implora para o seu tio que leve-o com ele para a Muralha e é aí que descobrimos que os homens que a vigiam têm um juramento além do de não fugir: não ter família, não ter mulheres. A vida deles é a muralha.

-  A última cena: As coisas que faço por amor...

Ah, eu só acho que devia ter terminado com um uivo cortante de direwolf para dar mais drama, ok, HBO? Melhorem isso.

AH! Eu AMEI, AMEI, AMEI os créditos de abertura. Tanto que ta aí para vocês verem:

Achei muito legal como as localizações vão crescendo, como se fossem de papel ou como se fossem máquina (ainda não consegui decidir). A música também é beeem legal. A impressão geral é que você está em um tabuleiro de jogo (Olá, o nome da série é GAME OF THRONES!) daqueles bem antigos.

Já saiu a propaganda do episódio de domingo que vem. Olhem aí embaixo...



Ah, semana que vem vou ver se esperamos uma legenda melhor, porque essa que colocamos o link é meio esquisita (Wall virou MURO e não Muralha, dentre outras coisas).
Ah, se vocês já assistiram o seriado e tem alguma dúvida/não entenderam algo e não tem medo de spoiler, perguntem nos comentários!

Ah, todas as montagens aqui foram tiradas do Fuck Yeah Game of Thrones.